Pacientes sem cordas vocais cantam em coral após superar câncer em SP

Cirurgia para Câncer de Tireoide

Doze pessoas interpretaram seis músicas ao lado de fonoaudiólogos.
Tumor de laringe atinge mais homens e fumantes, explica médico.

Dez pacientes que foram diagnosticados há alguns anos com câncer de laringe e submetidos a uma cirurgia para retirada total dessa parte da garganta, incluindo as cordas vocais, participaram nesta quarta-feira (4) de um coral no Hospital A.C. Camargo, especializado no tratamento de tumores, em São Paulo.

Sete homens e três mulheres, todos com mais de 60 anos, interpretaram seis músicas ao lado de um grupo de fonoaudiólogos, que fizeram a segunda voz, e da chefe da área, Elisabete de Angelis, que tocou violão. O evento, realizado pelo segundo ano, marca o Dia do Fonoaudiólogo, neste domingo (9).

As canções escolhidas pelo coral “Sua voz” foram “A banda”, de Chico Buarque, “Samba da bênção”, de Vinicius de Moraes – intercalada com a leitura de uma poesia –, “Trem das onze” e “Tiro ao Álvaro”, de Adoniran Barbosa, “Whisky a Go Go”, conhecida na versão de Roupa Nova, “Peixe vivo” e “Bate o sino”.

Uma das pacientes, a aposentada Maria Clara Falcucci, de 61 anos, ainda leu uma carta que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diagnosticado com câncer de laringe no ano passado, escreveu para parabenizar a iniciativa.

Segundo a fonoaudióloga Elisabete de Angelis, o grupo – que tem outros dois participantes, que faltaram à apresentação – ensaia uma vez por mês e canta por meio de três métodos diferentes: laringe eletrônica (que deixa a voz metalizada), prótese traqueoesofágica ou, ainda, voz esofágica, em que a pessoa treina para fazer o ar passar pelo esôfago e, então, conseguir falar. Essas duas últimas técnicas precisam da ajuda dos dedos para produzir os sons, e a prótese esofágica é a que garante uma voz mais forte, fluente e compreensível.

“Temos três objetivos, que são levar informação aos pacientes, com palestras mensais, buscar que eles deem apoio uns aos outros e cantar, que treina a voz e ao mesmo tempo tem um poder de cura”, diz Elisabete.

Antes de cantar, porém, os pacientes que tiveram câncer e retiraram a laringe passam por um processo de reabilitação, em que primeiro reaprendem a falar e a lidar com o orifício que fica aberto permanentemente no pescoço, chamado traqueostomia.

“Por causa disso, eles não podem mais mergulhar e precisam tomar cuidado na hora do banho. Além disso, os que usam prótese esofágica devem trocá-la a cada seis meses, porque acumula fungos, alimentos, etc”, explica a fonoaudióloga.

Maioria homem e fumante

Cirurgia para Câncer de Tireoide

Das dez pessoas que cantaram nesta quarta no Hospital A.C. Camargo, sete eram homens e apenas duas nunca haviam fumado na vida. As demais mantinham o vício há décadas, e algumas já haviam largado o cigarro quando descobriram o câncer.

A mineira aposentada Maria Clara Falcucci, por exemplo, fumava um maço por dia há mais de 40 anos quando foi diagnosticada, em 2007. Uma forte rouquidão, que foi piorando, foi o sinal de alerta. A partir daí, veio a necessidade de cirurgia para retirada do câncer.

“Com as sessões de fonoaudiologia, aprendi a controlar o ar, ganhar fôlego e formar frases. A doença não é nada, difícil é o tratamento. Fiz 37 aplicações de radioterapia e cinco de quimio, como prevenção”, conta Maria Clara, que até dois anos atrás só tinha cantado em karaokê. Hoje, a paciente viaja muito pelo mundo e pelo interior de Minas com as duas irmãs mais velhas.

“Sempre fui muito alegre, otimista. Estar vivo é uma graça”, diz.

História semelhante viveu o aposentado Coryntho Baldoíno, de 70 anos, que foi fumante por três décadas e venceu um câncer na laringe há sete anos, já depois de ter abandonado o vício.

Primeiro, Baldoíno passou por 38 sessões de radioterapia e três de químio. Mas a doença voltou e a cirurgia foi necessária. Hoje, além de trabalhar como advogado e cantar nas horas vagas – antes do coral, ele se definia como um “péssimo cantor” -, o paciente participa de corridas de rua. No próximo domingo, vai competir em uma prova de 10 km, no Centro de São Paulo.

“Antes do diagnóstico, também era alcoólatra, e controlei o problema com o esporte. Praticava caminhadas, depois comecei a correr, e nunca tive nenhuma recaída”, diz.

70% são casos avançados

Cerca de 70% dos pacientes com câncer de laringe que chegam ao consultório médico já estão em um estágio avançado da doença, segundo o cirurgião de cabeça e pescoço Thiago Chulam, do A.C. Camargo. Isso dificulta as possibilidades de tratamento e cura.

Dependendo do local da garganta onde o tumor está, os sintomas são diferentes. Na glote (estrutura na parte superior da laringe, que impede a entrada de alimentos e facilita a saída de ar), os sinais mais comuns são rouquidão e alterações de voz. Quando aparece na parte acima da glote, há dor de garganta e dificuldade para engolir. Já se estiver abaixo, costuma aparecer falta de ar.

“Cerca de 85% dos casos estão ligados ao consumo de cigarro e álcool. E a bebida potencializa o efeito do fumo”, explica.

De acordo com Chulam, o diagnóstico é feito por meio de exames clínicos, de imagem – como laringoscopia – e biópsia.  “Entre os pacientes que fizeram químio e rádio para preservar a laringe, cerca de 40% têm uma volta do câncer e precisam retirar a garganta”, diz o médico.

As chances de cura para os tumores iniciais chegam a 80%, e caem para 40% nos casos avançados.

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Dr. Thiago Chulam










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